sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tudo o que faço ou medito



Tudo o que faço ou medito
 Fica sempre na metade.
 Querendo, quero o infinito.
 Fazendo, nada é verdade.
   
 Que nojo de mim fica
 Ao olhar para o que faço!
 Minha alma é lúcida e rica
 E eu sou um mar de sargaço –

   
 Um mar onde bóiam lentos
 Fragmentos de um mar de além...
 Vontades ou pensamentos?
  Não o sei e sei-o bem.
                                    
                                   Fernando Pessoa                 

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